quarta-feira, 10 de julho de 2013

Uma Comunicóloga na Sala de Aula

"Ah... então você trabalha com crianças... é professora?"
Essa é a pergunta que mais costumo responder hoje em dia. E realmente, é difícil entender o que uma comunicóloga faz dentro da sala de aula. Bem, eu sempre achei que a comunicação caminha junto com a educação, no que diz respeito ao trabalho com criança. Desde que comecei meus projetos em comunicação, trabalhando em rádio, eram as crianças o público que mais me atraía. Até que resolvi fazer o contrário, estudar educação para então favorecer a comunicação dos pequeninos... e são vários caminhos para isso: as histórias, a música, a arte, a experimentação.
Essa semana, lendo a matéria de capa da Revista Crescer, que fala sobre "birra", quase morri de emoção! Na lista que eles fizeram e denominaram como "Receita Antimanha" quase todas (se não todas indiretamente) as dicas para evitar a raiva das crianças têm a ver com a comunicação, o diálogo e a verbalização. É exatamente nisso que eu acredito. É isso que priorizo na minha relação com elas, que vai desde o primeiro olhar, até a despedida, passando pelo momento da história, da canção e da criação.
Há pouco tempo atrás, estava eu numa pracinha para uma Roda de História, observando as crianças que certamente iriam participar. Aproveito esse momento para escutar os nomes, para perceber o comportamento dos pais e a disposição corporal de cada um (meu trabalho começa bem antes da Roda! rs). Havia por ali um menino que fazia birras com os amigos, tinha pais aparentemente "desconfortáveis" com o local ou com o comportamento do menino e vestia um macacão desproporcional à sua fase de desenvolvimento (não disse idade!). Esse mesmo menino na hora da Roda de Histórias foi colocado (não percebi por quem) em um local muito diferente de todas as outras crianças que já tinham sido acomodadas no tecido. Ele ficou colado a mim e aos materiais e apesar das explicações (regras que explico no início do encontro) não deu a menor bola. Ele não dar a menor bola é o de menos, mas os pais também não deram, e isso pra mim é grave. Ele tirou aos berros todos os materiais da mala, quando as outras crianças se aproximavam ele chorava mais alto, gritando que era tudo dele ali. Só ficava um pouquinho mais calmo quando eu cantava ou narrava olhando pra ele. Como já estou acostumada e me preparo diariamente para esses encontros, sabia que uma hora ele seria tirado dali, não porque tirava a atenção dos amigos, mas porque era fuzilado pelos olhares reprovadores dos outros pais. Foi o que aconteceu. O menino, coitado, foi retirado e a Roda seguiu. O que deveria ser um caos, acabou se transformando num encontro em que mais recebi elogios e distribuí contatos. E eu não fiz nada além do meu papel... que era me colocar à disposição daqueles pequeninos. Agora, aquele menino, aqueles pais, todo aquele desconforto ficaram na minha cabeça, reforçando a ideia de que com um pouquinho de comunicação eficaz e entendimento tudo estaria resolvido...

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